O AUTO DA COMPADECIDA-20/02/2011 - Sinopse

Este filme é uma maravilha. Tem uma das personagens mais entretidas que do cinema brasileira (João Grilo), e tem uma sequência que ocorre no além-mundo que ninguém deve perder. Agora, a substância! João Grilo e Chicó são amigos de faz muito tempo, pobres, que passam a vida enganando aos outros e sobrevivendo graças aos seus engenhos. Chicó se enamora da filha do homem mais rico da vila. João Grilo tenta orquestrar uma sequência de enganos para ocasionar a união. Mas o prazer deste filme – e é um prazer puro – se encontra em cada engano, no jogo de palavras dos dois e na imaginação de João Grilo em particular. Até olhar seu semblante e sua postura provoca prazer: tem a cara e o modo de andar de um vigarista que goza da vida. (Quando outra personagem defende a ele, dizendo que mentiu toda a vida só para sobreviver, responde João, Mas eu gostava!) Observa este diálogo entre Chico e sua namorada:

- Se você tivesse pelo menos um diploma

- Eu sou doutor em ciências ocultas, filosofia dramática, pediatria charlatânica, pedagogia dogmática, astrologia eletrônica.

E a sequência suprema do filme ocorre quando várias pessoas no filme morrem e aparece o diabo, o Senhor, e a Virgem, e é um espetáculo que logra ser tanto cômico como comovedor. Demonstrando o incestuoso que é o cinema brasileiro, o ator Marco Nanini quase mata ao Selton Mello tanto aqui como – uns anos depois – em outro filme, Lisbela e O Prisioneiro. (Os dois filmes são excelentes.) Nota sobre o conteúdo: Este filme realmente não tem nada de ofensivo. Existe a implicação do adultério, a ameaça da violência, e alguns muito religiosos podem não gostar da apresentação de Jesus Cristo, embora eu achei tudo feito com respeito.

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